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ISSN 1982-1026 Boletim de História e Filosofia da Biologia Volume 5, número 3 Setembro de 2011 Publicado pela Associação
Brasileira de Filosofia e História da
Biologia (ABFHiB) |
Sumário: 1. Encontro de História e Filosofia da Biologia 2011 2. Eleição da Diretoria e do Conselho da ABFHiB 3. Eventos sobre história e filosofia da ciência 5. Teses e dissertações recentes sobre história e filosofia da Biologia 6. Traduções de textos primários: Athanasius Kircher e a aplicação de sua teoria da matéria à peste |
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1. Encontro de História e
filosofia da Biologia 2011
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O Encontro de História e
Filosofia da Biologia 2011, promovido pela ABFHiB, com apoio da Faculdade
de Ciências da UNESP/Bauru e da FAPESP, foi realizado de Além das sessões paralelas para apresentação de trabalhos, o Encontro contou com as seguintes conferências e mesa redonda: * Prof. Dr. François Duchesneau, do Departamento de Filosofia, Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Montreal: “Genesis and mutations of the concept of organism”. * Prof. Dr. Charbel Niño El-Hani, da Universidade Federal da Bahia: “Explicação funcional na Biologia: Abordagens etiológicas e organizacionais”. * Prof. Dr. Maurício de Carvalho Ramos, da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da USP: “Três expressões de
uma teoria geral das formas: a assinatura das coisas, a palingênese e as
árvores químicas”. |
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* Mesa Redonda: “A História da Biologia na Divulgação Científica”: |
A figura escolhida para os cartazes e outros materiais deste evento é uma imagem do manuscrito Cod. Pal. germ. 300 da obra "Das Buch der Natur", de Konrad von Megenberg (1309-1374). |
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Profa. Dra. Luisa Massarani: “A História da Biologia na Divulgação Científica: experiências no Museu da Vida”. Profa. Dra. Lilian Al-Chueyr Pereira Martins: “Publicações escritas que divulgam a História e Filosofia da Biologia no Brasil”. O Programa do Encontro de História e Filosofia da Biologia 2011 pode ser consultado no site da ABFHiB, no endereço: http://www.abfhib.org/Eventos-antigos.html. Confira também as fotos do Encontro, no mesmo endereço. |
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2. Eleição da Diretoria e do Conselho da ABFHiB |
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Durante o Encontro de História e Filosofia da Biologia 2011, realizado na
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Bauru, de 10 a 12 de agosto, foi realizada a eleição da nova Diretoria da
ABFHiB. O processo eleitoral, conforme havia sido comunicado previamente aos
associados, foi precedido pela formação de uma Comissão Eleitoral formada
pelas associadas Marcia das Neves e Viviane Arruda do Carmo. Houve consulta aos
membros da ABFHiB para sugestões de candidatos, seguida de consulta às
pessoas indicadas e, por fim, formação da cédula eleitoral e informe a todos
os associados sobre os nomes dos candidatos e sobre o modo de votar. A
apuração dos votos foi realizada durante a Assembléia da ABFHiB, no dia 11 de
agosto de 2011, com os seguintes resultados: Presidente: Maria Elice Brzezinski Prestes
(Universidade de São Paulo) Vice-Presidente: Lilian Al-Chueyr Pereira Martins (Universidade
de São Paulo/Ribeirão Preto) Secretário: Waldir Stefano (Universidade
Presbiteriana Mackenzie e Universidade Cruzeiro do Sul) Tesoureira: Marcia das Neves (Secretaria
Municipal de Educação de São Paulo) Conselho: Ana Maria de Andrade Caldeira (Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho - UNESP) Anna Carolina Regner (Universidade do Vale dos Sinos) Antonio Carlos Sequeira Fernandes (Universidade Federal do Rio de
Janeiro/Museu Nacional) Charbel Niño El-Hani (Universidade Federal da Bahia) A nova Diretoria e o novo Conselho, já empossados, têm mandatos de agosto
de 2011 a agosto de 2013. Os membros eleitos agradecem os votos recebidos e esperam cumprir as
atividades da ABFHiB em conjunto com todos os afiliados. 3. EVENTOS SOBRE HISTÓRIA E FILOSOFIA DA
CIÊNCIA Scientiarum Historia IV - 4º
Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia Entre 19 e 21 de outubro de 2011, será realizado o 3º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento ocorrerá no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Ilha do Fundão, Rio de Janeiro. Mais informações: http://www.scientiarumhistoria.ufrj.br/index.html 3rd Biological Evolution Workshop Será realizado em Porto Alegre, no auditório do Departamento de Genética da UFRGS, de 07 a 09 de novembro de 2011, o 3rd Biological Evolution Workshop. O evento trata de questões evolutivas em geral, dentre as quais destacamos as de relevância no âmbito da teoria da biologia, tais como os novos fundamentos da evolução, origem da vida, competição e seleção natural. Mais informações: http://www.ppgbm.com.br/noticias/inscricoes-no-3rd-porto-alegre-biological-evolution-workshop--2011 II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das Ciências (II ENAPEHC) Entre 29 de novembro e 02 de
dezembro de 2011, será realizado na Universidade Federal da
Bahia, em Salvador, o II Encontro Nacional de Pesquisadores em História das
Ciências (II
ENAPEHC). O
evento é destinado, principalmente, a estudantes de doutorado, mestrado,
iniciação científica e recém-doutores. O
evento é inteiramente organizado por alunos de pós-graduação e
recém-doutores. Esta edição do ENAPEHC ocorre sob os auspícios do Programa de
Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (da Universidade
Federal da Bahia e da Universidade Estadual de Feira de Santana) e do
Scientia - Grupo de Teoria e História da Ciência da Universidade Federal de
Minas Gerais. Conta ainda com o apoio da Sociedade Brasileira de História das
Ciências e do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. O prazo limite para submissão
de trabalho é 30 de Setembro de
2011. Ouvintes podem se inscrever até o primeiro dia do evento. Mais
informações: http://sites.google.com/site/enapehc/ 13º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia Entre 03 e 06 de setembro de 2012, a Sociedade Brasileira de História da Ciência e da Tecnologia (SBHC) promoverá o 13º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia na cidade de São Paulo, nas dependências do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP). Entre as atividades previstas estão Conferências, Mesas-Redondas, Simpósios Temáticos, Sessões de Comunicação Livre, Mini-Cursos, Painéis de Iniciação Científica, lançamento de livros e eventos sócio-culturais. Mais informações: http://www.sbhc.org.br/seminario.php |
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LA SEGUNDA AGENDA
DARWINIANA: CONTRIBUCIÓN PRELIMINAR A UNA HISTORIA DEL PROGRAMA
ADAPTACIONISTA |
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CAPONI, Gustavo. La segunda agenda darwiniana: contribución
preliminar a una historia del programa adaptacionista.
México, D. F.: Centro de Estudios Filosóficos, Políticos y Sociales Vicente
Lombardo Toledano, 2011. (ISBN
978-607-466-030-2) Endereço para aquisição: centro.lombardotoledano@gmail.com Sumário: Introducción
1 I. Contra
el mito del adaptacionismo predarwiniano 9 La teología natural 10 Darwin y la debacle de la idea clásica de
economía Buffon y su idea de degeneración 18 Lamarck: buffoniano más que
protodarwiniano 25 |
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Cuvier: funcionalismo no es
adaptacionismo 31 Clima y entorno biológico 39 II. El adaptacionismo
como corolario de la teoría de la selección natural 45 El problema de Darwin 46 La superación darwiniana de una
dificultad cuvieriana 52 Un lugar posible para un nuevo programa
de investigación 56 Narraciones adaptacionistas y desafíos à
la paley 61 El adaptacionismo como dificultad 63 El darwinismo según su ideal de orden
natural 66 Explicar semejanzas pensándolas como
diferencias 70 La navaja de Darwin 76 Una breve digresión: las apomorfias no se
comen 81 IIII. Los
primordios del programa adaptacionista 83 Los primeros pasos del programa
adaptacionista 84 Una primera formulación del programa
adaptacionista: Karl Semper 91 Wallace y la formulación canónica del
programa adaptacionista 95 Las causas de la postergación del
programa adaptacionista 101 Los naturalistas de campo antes y después
de Darwin 106 El papel de Edward Poulton en la
articulación del programa adaptacionista 113 Cosas de amateurs 115 IV. La
consolidación del programa adaptacionista 119 Esquema de una historia no muy bien
contada 120 La ciudadela de Poulton 121 Bates redimido 127 Pero la selección natural es más fuerte
129 La ecología evolucionaria 135 El ojo armado de los ecólogos entra en la
biología evolucionaria 143 Lo ecológico y lo evolutivo 146 La escalada adaptacionista 150 Distinguir la crítica científica del análisis
histórico-epistemológico 152 NOTAS 155 BIBLIOGRAFÍA 171 |
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5. Teses e dissertações recentes sobre história e filosofia da biologia |
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ANDRADE, Mariana Aparecida Bologna Soares
de Andrade. A epistemologia da biologia na formação de pesquisadores:
compreensão sistêmica de fenômenos moleculares. Tese (Doutorado em
Educação para a Ciência) – Faculdade de Ciências da Universidade Estadual
Paulista (UNESP), Bauru, 2011. Orientadora: Ana Maria de Andrade Caldeira.
Defendida em 02 de junho de 2011. |
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Resumo. O desenvolvimento de atividades de estudo e pesquisa em Epistemologia da Biologia, vem sendo considerado significativo na formação de professores e pesquisadores de Ensino de Ciências e Biologia. A formação de pesquisadores capazes de compreender a Ciência a que estudam caracteriza-se como um processo de superação de obstáculos e rupturas do conhecimento. As discussões sobre a natureza do conhecimento biológico conferem à Biologia seu caráter autônomo como área especifica do saber. O conhecimento sobre os fenômenos do mundo vivo deve ser orientado por uma visão que considere a interação entre sistemas. Nesta perspectiva, foi proposto por Meglhioratti et al (2008) e Meglhioratti (2009) um modelo de hierarquia escalar sobre os fenômenos vivos, este modelo é constituído por três níveis hierárquicos [ecológico [organismo [genético molecular]]]. Ao estipular esse modelo, entende-se que o nível superior (interações ecológicas) estabelece condições de contorno para os processos no nível focal (organismo), enquanto o nível inferior estabelece condições iniciadoras potenciais para os processos focais. Esses três níveis de organização foram objeto de estudo de três trabalhos de doutorado. No presente trabalho o nível inferior, genético molecular, foi escolhido como foco do estudo epistemológico, optou-se por estudar a compreensão sistêmica do material genético e também e dos processos moleculares. Para o desenvolvimento da proposta desta pesquisa, foi organizado o Grupo de Pesquisa em Epistemologia da Biologia (GPEB), o grupo foi formado por alunos de curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, três pesquisadoras desenvolvendo trabalhos de doutorado, a professora coordenadora e professores convidados. As atividades do grupo, que foram objeto desta pesquisa, ocorram ao longo do ano de 2008. O objetivo desta pesquisa foi o de analisar: as atividades desenvolvidas que priorizaram as discussões sobre o material genético, orientadas pelo modelo triádico escalar; a formação dos participantes do grupo como pesquisadores; e os obstáculos epistemológicos para a compreensão do gene por meio de uma visão sistêmica. Foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, que utilizou como instrumento de coleta de dados, observação, questionários, entrevistas e documentos. A análise dos dados foi elaborada por sínteses de significação e categorização dos dados coletados na entrevista final. A análise dos dados permitiu reconhecer o papel significativo do grupo na formação de pesquisadores por possibilitar um espaço de integração do conhecimento biológico aprendido na graduação, o desenvolvimento de uma visão sistêmica e relacional sobre o material genético. Por fim, pela análise das atividades do grupo foi possível elaborar um modelo sistêmico para discussão epistemológica sobre a aprendizagem sobre os fenômenos moleculares. Palavras-chave: Epistemologia da Biologia, Formação de Pesquisadores, Compreensão sistêmica de fenômenos moleculares. 6. Traduções de textos primários:ATHANASIUS KIRCHER E A APLICAÇÃO DE SUA
TEORIA DA MATÉRIA À PESTE Lilian
Al-Chueyr Pereira Martins* Universidade de São Paulo / Ribeirão Preto lilian.pereira.martins@gmail.com
O texto reproduzido abaixo faz parte da obra de autoria de
Athanasius Kircher, intitulada Scrutinium
physico-medicum contagiosae luis, quae pestis dicitur, publicada em Roma,
em 1658. Esta tradução para o português foi feita a partir da versão inglesa
de Thomas S. Hall da edição de Widmanstad, de 1740 (HALL, Thomas S. Germ
theory of disease. Pp.
473-476, in: HALL, Thomas S. (ed.). A
source book in animal Biology. Cambridge, MA: Harvard University Press,
1970). O padre jesuíta Athanasius
Kircher (1602-1680) deixou trabalhos relacionados a diferentes assuntos que
incluem desde os estudos sobre o Oriente até os vulcões, fósseis, por
exemplo. Além disso, realizou observações microscópicas. O autor apresenta no
século XVII uma ideia bastante diferente daquela que se aceitava na época e
que continuou sendo aceita até o início do século XIX. Acreditava-se, de um
modo geral, que as epidemias, como a peste, por exemplo, estavam relacionadas
a certas impurezas existentes no ar, os miasmas. Estes se originavam da
exalação de pessoas e animais doentes, emanações dos pântanos, de dejetos e
substâncias Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Athanasius_Kircher Tradução: SCRUTINIUM PHYSICO-MEDICUM CONTAGIOSAE LUIS, QUAE PESTIS DICITUR Athanasius Kircher Todo
composto natural exala certas emanações de sua natureza essencial. Neste
ponto, estas não devem ser assumidas como correspondendo às próprias
qualidades, nem como tendo sido propagadas acidentalmente a partir do objeto Deste modo, as substâncias da terra e dos orbes das estrelas celestiais, espalham cada uma em torno de seu próprio globo um tipo de atmosfera, que nada é senão um tipo de emanação vaporosa que sai desse globo, composta por pequenos corpos diminutos e imperceptíveis, aquosos ou ígneos, de acordo com a natureza de seu globo. Todos os outros tipos de compostos emanados coincidem com a natureza de suas respectivas esferas; portanto, se uma coisa que tem odor, sabor, fede ou é desagradável atinge os sentidos, isso pode ser considerado como uma emanação de um composto de mesmo tipo – recebendo o nome de ‘exalação’ no caso de corpos secos, e de ‘vapor’ no caso de corpos úmidos. Portanto dos corpos fogosos é produzida uma emanação constituída por pequenos corpos fogosos, podendo ser assumido que quando mais agrupamentos desses corpos houver, mais intenso será o calor que eles irão produzir; e, na medida que eles forem levados para um pouco mais longe e se espalharem, irão manifestar um grau mais baixo de calor – até que, atingindo o limite da esfera que lhes foi ordenada por sua natureza, vão passar adiante, além dela, ou vão ser sugados de volta pela atração do composto. O que dissemos a respeito dos corpos fogosos se aplica também a todos os outros corpos minerais, metálicos e pedras preciosas e, de modo análogo, às substâncias de natureza vegetal ou sensitiva e às espécies que devido à sua forma ou propriedade, fazem parte das ervas, plantas ou árvores, dos animais ou qualquer outra ordem. Além disso, tais corpos pequenos não são nada exceto um número de partículas respiráveis de um vapor composto idêntico em suas propriedades e em tipo ao objeto como um todo. Estas partículas, rarefeitas ou pelo calor externo que banha o objeto ou pela fricção violenta, são, já que necessitem então de mais espaço, desprendidas para o ar exterior; ou, no caso em que um esfriamento circunde o objeto, elas retornam ao local de onde se desprenderam. Mas se, a condição do corpo tornar imperativo, elas não voltam, então, as partículas do ar próximo, devido a uma atração natural, substituem aquelas que se desprenderam e são transformadas em uma substância nativa germinal do composto, dotada das mesmas propriedades específicas; portanto, a redução e consumação do corpo todo, por uma emanação contínua deste tipo durante um período, não deve ocasionar nenhuma preocupação especial. Tendo assumido essas coisas, vamos avançar para coisas relativas à nossa compreensão geral. Ora,
o maior poder deste tipo de contágio é manifestado Talvez estas coisas pareçam paradoxais para o leitor. No entanto, quando ele tiver observado experimentos confirmados pelos mais delicados microscópios por um período de muitos anos, estou seguro de que não apenas irá pensar que essas coisas são verdadeiras, mas, além disso, que elas foram estabelecidas e demonstradas como verdadeiras a partir de experimentos, somado ao que mencionamos. Primeiro então, nas grutas e cavernas das montanhas, vemos que, a partir de alguma corrupção de suas partes internas, a terra engendra uma umidade e uma mistura variada de refugo virulento, não somente de insetos de todos os tipos, mas também uma maravilhosa variedade de animais venenosos, como cobras, pererecas e lagartos; a partir de uma emanação conjunta das várias partes da terra, estas coisas, através do calor do ar circundante, se separam das águas estagnadas, lagos e mares. Não somente isso, mas também a experiência do dia a dia ensina, tanto nas viagens pelo mar como dentro de nossas casas, que a água fechada em um recipiente, assim que é exposta é animada em vermes. Existe alguém que desconheça que, no interior das vísceras do corpo humano, pela decomposição gerada pela comida estragada, logo os vermes abundam? E que, quando a decomposição se arrasta dentro das passagens subcutâneas, e o fluido corporal é profundamente corrompido, toda nossa substância torna-se gradualmente viva com vermes (donde é causada a tuberculose) e é devorada e consumida por pequenos seres semelhantes a serpentes (verdadeiramente vermes, atacando a região das costas e emergindo na cabeça)? Logo que os espíritos internos do homem são perdidos, com seu calor nativo, o veneno portador da praga, que ele atraiu e absorveu por sua virulência dispõe seu humor nativo à decomposição. Depois disso segue-se um fedor através do qual é corrompido todo aquele que se aproxima ou do homem afetado ou das roupas já infectadas por sua exalação. A exalação, entretanto, não é nada mais do que o humor decomposto; e esta evaporação (na verdade composta por numerosos corpúsculos pequenos não perceptíveis), logo se expande quando atinge o ar livre infectando tudo em volta pelo virulento poder de seu contágio. Estes corpos pequenos (uma vez que possuem o mesmo poder virulento que a matéria em decomposição da qual são partículas), sendo ou inspirados para dentro do corpo ou arrastando-se para dentro dele, a partir dos lugares mais ocultos dentro das roupas, logo produzem no sujeito os mesmos efeitos como os produzidos naquele de que foram emitidos. Em cadáveres, onde o corpo todo realmente se dissolve em decomposição, essas emanações de pequenos corpos não infectam tanto aqueles que estão perto; preferivelmente eles se transformam em germes animados de pequenos animais diminutos e imperceptíveis. Estes germes permanecem por algum tempo nas peças de madeira, lençóis, e roupas, bem como em outras matérias porosas de baixa densidade; sendo inspirados depois, eles corrompem o humor latente misturando-o com sua própria substância; daí vem que com o primeiro contato – para ser específico, com o contato com o óleo [do corpo? – Ed.] depois de abrir caminho através dos poros das mãos e dedos, ele comunica sua virulência àquele com quem estabeleceu contato; ou onde as pessoas usaram roupas contaminadas por tal descendência. Ativado pelo calor, e absorvido pelos poros da pele em qualquer lugar no corpo, assim como inalado pela respiração, produzem estes mesmos efeitos, devido ao grande dano da peste, à qual estes indivíduos estão expostos. NOTA DE RODAPÉ: *
Esta tradução foi feita em colaboração com alunos do Programa de Estudos
Pós-Graduados em História da Ciência da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). |
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Citação
bibliográfica deste artigo: MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira Martins et al. Athanasius Kircher e a aplicação de sua teoria da matéria à peste. Boletim de História e Filosofia da Biologia 5 (3): 5-8, set. 2011. Versão online disponível em: <http://www.abfhib.org/Boletim/Boletim-HFB-05-n3-Set-2011.pdf>. Acesso em dd/mm/aaaa. [colocar a data de acesso à versão online] |
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Objetivos do BoletimO objetivo do “Boletim de História e Filosofia da Biologia” é divulgar informações de interesse dos pesquisadores e estudantes interessados em história e filosofia da Biologia. Com periodicidade trimestral, este Boletim traz informações atualizadas sobre congressos e outros eventos relevantes (no Brasil e no exterior), novas publicações da área (livros e revistas), informações sobre teses e dissertações, informes sobre as atividades da Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia (ABFHiB), bem como artigos curtos, descritos abaixo. Poderão ser publicados no “Boletim de História e Filosofia da Biologia” artigos assinados (curtos) que discutam temas gerais de interesse da área como, por exemplo, a metodologia da pesquisa em história e filosofia da biologia, ou o uso da história e filosofia da biologia no ensino; bibliografias comentadas sobre tópicos específicos de história e filosofia da biologia; e textos de divulgação. Podem também ser publicadas resenhas, assinadas, de livros recentes sobre história e/ou filosofia da biologia. Os artigos devem ser submetidos aos Editores deste Boletim (ver endereços no Expediente, ao final deste número). Todos os artigos submetidos devem ser elaborados tendo em vista os padrões acadêmicos usuais. |
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Boletim
de História e Filosofia da Biologia ISSN
1982-1026 Expediente. O “Boletim de História e Filosofia da Biologia” é uma publicação trimestral da Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia (ABFHiB), iniciado em Setembro de 2008. Editores: Maria Elice Brzezinski Prestes, eprestes@ib.usp.br (Universidade de São Paulo); Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, lacpm@uol.com.br (Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto); Aldo Mellender de Araújo, aldomel@portoweb.com.br (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Waldir Stefano, stefano@mackenzie.com.br (Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Cruzeiro do Sul). Endereço eletrônico: boletim@abfhib.org. URL: http://www.abfhib.org/Boletim/. |
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Associação
Brasileira de Filosofia e História da Biologia (ABFHiB) Presidente: Maria Elice Brzezinski Prestes (Universidade de São Paulo) Vice-Presidente: Lilian Al-Chueyr Pereira Martins (Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto) Secretário: Waldir Stefano (Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Cruzeiro do Sul) Tesoureiro: Marcia das Neves (Secretaria Municipal de Educação de São Paulo) Conselho: Ana Maria de Andrade Caldeira (Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho) Anna Carolina Regner (Universidade do Vale dos Sinos) Antonio Carlos Sequeira Fernandes (Universidade Federal do Rio de
Janeiro/Museu Nacional) Charbel Niño El-Hani (Universidade Federal da Bahia) |
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