Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia
“Filosofia e História da Biologia”
Edição impressa: ISSN 1983-053X Edição eletrônica: ISSN 2178-6224 |
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"Criacionismo versus evolucionismo: literalismo religioso e materialismo darwiniano em questão" Nelio Marco Vincenzo Bizzo Filosofia e História da Biologia, v. 8, n. 2, p. 301-339, 2013. artigo em formato PDF Resumo: A ideia de que Charles Darwin tenha sido um paladino do materialismo, difundindo ativamente o ateísmo, é uma ideia equivocada. Da mesma forma, é equivocada a crença de que seus inimigos do campo religioso lessem a Bíblia de maneira literal, observando estritamente cada palavra e cada ensinamento nela contidos. Neste artigo, procuramos demonstrar que Charles Darwin não deixou de reverenciar e mesmo admitir a necessidade de um Criador, havendo passagens inequívocas nesse sentido em sua maior publicação, Origem das Espécies. Uma leitura das modificações introduzidas entre 1859, por ocasião da primeira edição, e 1872, a sexta e última na qual introduziu mudanças, pode evidenciar essa postura reverencial. Os criacionistas, mesmo os ditos literalistas, realizavam leituras interpretativas dos livros sagrados eleitos por suas doutrinas. A leitura comparativa de diversos trechos no Novo Testamento não pode ser feita literalmente, demandando interpretações, as quais contrastam frontalmente com a ideia de observância rigorosa de cada palavra escrita. Ao mesmo tempo, há passagens que nos remetem imediatamente à ideia de evolução biológica, se lidas de maneira literal, o que transformaria literalistas em evolucionistas instantaneamente. Por fim, são investigadas similaridades entre descobertas científicas, como as de Galileo e Darwin, e seitas cristãs heréticas, como o Docetismo e o Gnosticismo. Palavras-chave: criacionismo; religião e evolução; materialismo; agnosticismo Creationism versus evolutionism: religious literalism and darwinian materialism in question Abstract: The idea that Charles Darwin was a champion of materialism, actively spreading atheism is a wrong idea. Likewise, the idea that his enemies in the religious field read the bible literally, strictly observing every word, is a misguided belief that. In this paper, we demonstrate that Charles Darwin did not fail to revere and even admit the need for a Creator, with clear passages accordingly in greatest publication, Origin of Species. A careful reading of the changes made between 1859, when the first edition was published, and in 1872, the sixth and final one, in which he introduced important changes, may show this reverential attitude. Creationists, even self-proclaimed literalists, perform interpretive readings of the sacred books chosen for their doctrines. A comparative reading of several passages in the New Testament shows clearly the need of interpretations, in stark contrast to the idea of strict observance of each written word. There are passages that recall immediately the idea of biological evolution, if read in a literal manner, what should turn literalists into evolutionists instantly. Finally, similarities between scientific discoveries, such as Galileo's and Darwin's, and apologetic forms of heretical Christian doctrines, such as Docetism and Gnosticism, are investigated. Keywords: creationism; religion and evolution; materialism; agnosticism Para ter acesso aos sumários de todos os volumes da revista Filosofia e História da Biologia, clique aqui. |